domingo, 11 de março de 2012

afetivo efetivado: video performance das pétalas

Este post quer lhe informar que voltarei a fazer a bela mistura entre o processo criativo como artista relacionando ao processo afetivo da vida pessoal.


Começo com o registro da obra em escrito (como "texto poetificado", que é a proposta deste blog) do video performance que realizei no final de 2011:


Um ocorrido,
2 ocorridos,
3 ocorridos.
Sim, um é ápice e 1 é unidade.
Um piso, um cuidado descuidado,
uma preguiça, uma persistência.
Algo belo; sempre belo.
Expectativa; mesmice.
Expectativa; esperança.
Pé como mão, mão como pé.
Tempo: pétalas novas, pétalas mofadas.
Claro e escuro, água escorrendo, água parada.
Pétalas fugindo, pé alcançando-as.
Você organiza, você desorganiza. Você junta, você desjunta.






terça-feira, 27 de setembro de 2011

Carne viva: o processo (i)limitado: relato sobre a reflexão de um processo criativo

apresentação --

O assunto que iremos abordar a seguir se refere à série Carne viva, obras criadas com a autoria do meu projeto ‘Gaapas coletivo imaginário’. A série são fotografias preto e branco registradas entre os anos da faculdade (de 2002 a 2004), em uma aula de fotografia pertencente ao curso de bachalerado de Design Gráfico, onde abordava o registro da modelo vivo em várias posições e luzes diferenciadas. Assim, as fotografias foram pintadas com 3 cores de canetas esferográfi- cas: vermelho, laranja e amarelo, no ano de 2008.

A seguir, vamos verificar a questão deste processo criativo, que segue em direção ao fato de utilizar os elementos que possui no momento, no caso, as fotografias e as canetas.


a mesa --

Um dia desesperador: a necessidade de criar sem ter uma ideia como base. Mesmo assim, a cor- rida ansiosa para a mesa, sem se preocupar em ter uma ideia antes. Era um dia em que estava cansada de ler e ler para obter uma futura ideia. Sentia a afobação tomando conta de meu corpo, que não se declarava nem vivo, nem morto.

Antes de me levar à mesa, peguei o que tinha em vista -- antigas fotografias preto e branco de modelo vivo que registrei na faculdade -- e assim fui ao suposto ritual da mesa como suporte de trabalho. Ao chegar, vizualizei os materiais que havia -- canetas esferográficas -- e me sentei. Olhei as fotos, olhei as canetas. Logo, a relação corpo, cores: vermelho, laranja e amarelo, o gradiente. O corpo nu branco solicitava as cores dos músculos não expostos.

Assim comecei o teste do processo criativo: o momento do contato da caneta com a foto foi um ato decisivo, silencioso e ao mesmo tempo calmo, como se tudo o que estava acontecendo tinha relação somente com a afobação (essa se tornou a verdadeira protagonista) e o resto era apenas consequências.

O que ocorreu acima foi um processo criativo que trouxe uma ideia interessante ao desenrolar da história. A ideia de usar o que tem, ter o limite de elementos e colocá-los dipostos à mesa é um ato decisivo, como escolher entre morrer ou viver. Logo, a ideia surgiu da ideia do limite, da combinação das limitações lançadas. Um ato que mostrou a relação sutil entre a obra criada e o movimento psicológico e até físico sobre o ocorrido. Mas esta reflexão não foi observada durante e nem depois do término do trabalho. Este relato sobre o ocorrido há 3 anos atrás foi o momento em que me disponibilizei à reflexão, podendo dizer que a afobação durou até agora ou até há pouco tempo, ou seja, o momento durou até há pouco e isto mostra o quanto um momento pode durar e influenciar as obras criadas após esta. Fica a questão: o momento morre após a obra ou (re)vive? O momento não tem um tempo determinado, tanto o quanto irá viver ou quando irá morrer.Assim se estabelece o processo criativo, o qual necessita de ambos para nascer, viver e morrer. A criação é um dado sem tempo, onde tudo terá um fim nunca esperado, mesmo tendo toda o estudo necessário para saber qual será o resultado do processo. O que podemos saber é que sempre irá ser espontâneo.

A criação não tem hora marcada, ela é utilizada quando se apresenta um dado problemático, um ritmo já estagnado ou a carência de um movimento que podemos chamar de livre. E o ato se mistu- ra com o resultado do trabalho, podendo criar relações claras sobre a filosofia do ato e a filosofia da obra, onde o processo criativo poderá ser revelado. Momento e obra são inseparáveis:o momento sempre terá repercussão na obra, fazendo com que ela mude de rumo. Essa liberdade que o artista carrega é o que alimenta o processo criativo. Sem a afobação em fazer algo logo não me levaria a pegar as fotografias e nem me levaria à mesa.

Agora vamos falar sobre a tal mesa: ela é o campo onde tudo pode surgir e tudo será resolvido, é o momento responsável por concentração e experimentações, o local de planejamentos e decisões. Como um julgamento ou um relato sobre o momento: a escolha entre vida e morte.

terça-feira, 24 de maio de 2011

sp arte e as obras com outros sentidos para cutucar

Este post foi criado especialmente para falarmos sobre obras que podem mexer com outros sentidos, além da visão. O propósito do garimpo realizado na maior feira do Brasil foi analisar a obra e a exclusão ou a possibilidade de inclusão do público cego. Uma vez, ouvi de uma pessoa do meio: Ah, quem é cego, é cego, fazer o quê!

Sem comentários sobre as palavras da pessoa acima, vamos ao que interessa: ah, quem enxerga, enxerga, fazer o quê!

As análises foram feitas apenas pensando no público cego, ou seja, sensações e possibilidades de um ser que não enxerga. [Enquanto uns enxergam um filme, outros enxergam um filme que o outro se quiser poderá ver.] Resolvi não postar imagens das obras para que você leia e sinta obra, por mais sutil que sejam as falas abaixo.


O artista Ignasi Aballí [Galeria Elba Benítez]
obstáculos pelo chão
obstáculos na altura de uma estatura humana
transparentes ou não; vidros ou objetos.

O artista Gabriel Sierra [Galeria Luisa Strina]
apalpável e extremamente mais interessante não enxergar o apalpável
apalpar e criar um universo único, um filme assistido diretamente internamente
obstáculos transparentes, sensações de superfícies, onde passa o vento, onde o prende
obstáculos que não dizem, e determinam aonde te pegarão. sim. obstáculos que dizem 'posso fazer você tropeçar ou levar uma pancada na cabeça'.

O artista Jesus Soto [Galeria de Arte Ipanema]
obstáculos que ao mesmo tempo não são.
obstáculos que criam uma imagem, uma massa, através da cor, mesmo não sabendo o que é uma cor.

A artista Rosana Ricalde [Galeria Baró]
livros para ler, livros texturizados, que saem do quadrado fechado.
apalpar com receio, apalpar com delicadeza, um toque com a ponta dos dedos
mas os reflexões ficam a parte, como podemos sentir um refletir?
o refletir para um cego é diferente do refletir meu
O refletir é criado, podendo ser mais interessante ainda.

O artista Leon Ferrari [Galeria Arte 57]
linhas,, fios que não precisam ser apalpados e atravessá-los para os sentir
o olho que não enxerga verá as texturas
as cores (a massa) e fará rabiscos na mente.

O artista Julio Le Parc [Galeria Paulo Kuczynski]
espelhos, que ironia. mas eles refletem luzes, raios de toda parte.

O artista Ascânio MMM [Galeria Marcia Barrozo]
ondas para sentir, uma passagem pequena por perto de uma parede
ao passar ventos, volumes, como ondas. passagem por um mar bem rápido
e ao mesmo tempo uma passagem nem lenta nem rápida, sutil
Experiência sutil.

O artista Kendell Geers [Galeria Stephen Friedman]
líquido, escorrer pelo corpo. derramado
o ato de pegar um objeto
o desconhecido que soa o perigoso
o perigoso sempre tocado com delicadeza
para não o incomodar e não lhe afetar fisicamente.

A artista Ana Holck [Galeria Anita Schwartz]
linhas para tocar como instrumentos musicais. sentir cada linha
passando com os dedos, uma constante,
onde um momento finaliza e o sentir constante termina
e o caminhar pode continuar
ou querer voltar para sentir algo que já sabes como é
mas em um sentido diferente.

A artista Nazareth Pacheco [Galeria Triângulo]
o cuidado que um cego tem onde irá pisar, onde irá sentar e o que irá pegar
Tanto cuidado, sem sentir o desafio de sentir algo que não necessariamente irá ser fatal
Se nas ruas não poderá, na arte poderá.

O artista Perez Flores
uma obra plana que não é plana
na passagem quase rente a parede, poderá sentir os obstáculos, o volume, o relevo que raspa em teu rosto.

A artista Lucia Koch [Galeria Silvia Cintra]
miniaturas; toque
conheça os ambientes tocando; uma miniatura de espaços feitos em caixas
caixas que mostram ambientes internos, no qual você vira o externo.

O artista Raul Mourão [Galeria Lurix]
balanço
balanço que puxa o vento
balanço que traz o vento
grandes assopros ao invé de ventos
sinta o assopro, mas cuidado para não tocar o objeto e levar uma pancada.

O artista Alfredo de Stefano [Galeria de Babel]
um deserto ou um lugar homogênio
num lugar onde tudo é superfície, onde tudo pertence ao chão
você encontra um volume, algo novo:
uma parede
uma superfície com uma textura diferente
algo fino, volumes finos que forma um círculo
escadas
tudo isso em um espaço aberto, onde tudo é infinito.

A artista Débora Bolsoni
obstáculos ou não
paralepípedos em espuma
pisando ou desviando, o que prefere?

O artista José Bechara [Galeria Celma Albuquerque ]
um volume que o olhar que não enxerga vê
e um volume que é mais sutil
as formas de cubos coloridos num cubo branco
manchas.



terça-feira, 15 de março de 2011

debate b_arco 26/11/2010 - Regina Silveira

projeção de sombras em objetos;
quantidade de luz e sombra num ambiente;
marca de rodas de carros em superfícies externas/internas em posições verticais;
insetos gigantes - crianças - educação;
grandes proporções pelo desinteresse no seu tamanho real?
aparições - trânsitos;
se a alma não fala, o perfil fala;
objetos em ângulos inesperados;
releitura da arquitetura.



quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

uma vez escrevi isso

Ao olhar uma obra, tento entrar em contato, como se fosse um elemento de difícil acesso, por isso não encaro como uma atividade relaxante, este tipo de obra que devo me atrair. Mas é necessário que a transmissão seja ao menos uma pequena frase. Após isso, dependendo do esforço na conexão, este ato poderá ser suficiente.