quinta-feira, 7 de outubro de 2010

com a palavra: Ricardo Basbaum

Prefiro falar em uma “autoria compartilhada”, no sentido de que cada experiência realizada é o resultado das ações dos participantes com utilização do objeto – ou seja, algo que foi construído a partir de um compartilhamento. O artista organiza a possibilidade da experiência e administra a continuidade do projeto em cuidadosa escuta, mantendo-o em aberto. Mas Você gostaria...? funciona produzindo inversões: os participantes, na medida em que realizam experiências e constroem sua representação (fotos, vídeos, textos, desenhos, etc), produzem trabalhos que se colocam como obras, frente às quais o artista deve reagir – ou seja, eles tornam-se propositores, enquanto o artista transforma-se em participador. De fato, os participantes a cada nova experiência efetivamente pensam o projeto – trata-se de um exercício de pensamento coletivo e cada nova “página escrita” vai pouco a pouco constituindo o que chamo de “romance crítico”, obra polifônica coletiva.
* trecho da entrevista realizada com o artista pela Fundação Iberê Camargo